Teixeira de Freitas terá novo hospital e unidade para pacientes renais


Um primeiro e importante passo para a construção de um novo hospital na cidade de Teixeira de Freitas, na região extremo sul do estado, foi dado nesta quarta-feira (1), com a assinatura de convênio para a edificação do primeiro módulo, destinado ao tratamento de portadores de doença renal. O convênio foi assinado pelo secretário da Saúde do estado, Jorge Solla, e o secretário da Saúde de Teixeira de Freitas, Geraldo Magela Ribeiro, e é a concretização de anúncios feitos pelo governador Jaques Wagner quando, em fevereiro, entregou três unidades de saúde - hematologia, oncologia e odontologia - no município.
O futuro hospital beneficiará uma população estimada em 700 mil pessoas da macrorregião do extremo sul, enquanto o primeiro módulo, que será um Centro de Referência em TRS - Terapia Renal Substitutiva, vai beneficiar mais de uma centena de pacientes com problemas renais da microrregião composta por Teixeira de Freitas e mais 12 municípios. “Essas pessoas”, explica o secretário municipal Geraldo Magela, “precisam viajar 200, 300 quilômetros três vezes por semana para fazer hemodiálise em outros municípios, como Eunápolis e Porto Seguro. Isso, sem contar os pacientes que preferiram mudar para Belo Horizonte ou Vitória, para ter o mínimo de condições de conforto em seus tratamentos”.
A unidade de TRS, parceria entre estado e município que deverá estar pronta em dez a 12 meses e demanda investimentos de R$ 1,8 milhão, dos quais R$ 367,5 mil são do município, vem ao encontro das reivindicações da população do extremo sul. “Depois que conquistamos a UTI, o serviço de hemodiálise passou a ser o principal clamor da população”, disse Magela, acrescentando que a meta é partir para a realização de transplante de rins. “Até o fim do ano, devemos começar a fazer a captação de órgãos”, assegurou. Outras obras do Governo do Estado, como o Laboratório Central e a Central de Regulação, também estão sendo construídas na área contínua do Hospital Regional.

Hospital modular
Para o secretário Jorge Solla, a construção do primeiro módulo do novo hospital de Teixeira de Freitas é de significativa importância para melhoria da qualidade da assistência em saúde na região. “É um projeto grande, que englobará outras fases e vem se somar aos esforços que a esfera municipal tem feito com apoio do Ministério da Saúde e da Sesab para instalar serviços de maior complexidade”, afirmou. Em visita à região, na semana passada, Solla também anunciou obras importantes para os municípios de Eunápolis, a exemplo da aceleração das obras do Hospital Regional, e Porto Seguro, onde já estão autorizados 12 novos leitos de UTI adulto e infantil.
O novo hospital, que terá estrutura modular, será uma grande conquista para a população de Teixeira de Freitas, uma vez que as unidades hospitalares existentes estão sobrecarregadas, atendendo pacientes de toda uma região e até de outros estados, como Espírito Santo e Minas Gerais, especialmente de municípios próximos como Nanuque, Carlos Chagas e Serra dos Aimorés. No hospital materno-infantil são realizados cerca de 400 atendimentos/dia, com 290 a 300 partos ao mês. No hospital municipal, a média é de 600 atendimentos diários.
Desde o início da atual gestão, a população de Teixeira de Freitas já foi beneficiada com diversos equipamentos e serviços de saúde, inclusive de alta complexidade, como foi o caso das UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo) adulto e neonatal, oncologia (para pacientes com câncer), neurocirurgia e traumato-ortopedia - os serviços foram vistoriados pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) na quinta-feira da semana passada, e considerados adequados. Um novo serviço também será implantado, o de hepatologia.

Índio “repatriado”
A importância da implantação de leitos de UTI em Teixeira de Freitas pode ser conferida no caso do índio pataxó Jackson da Silva Macial. Vítima de lesão na coluna cervical após um mergulho, que lhe deixou tetraplégico, ele permaneceu por mais de um ano ocupando um leito de UTI da Santa Casa de Misericórdia na cidade de Vitória, Espírito Santo, porque não se dispunha desse serviço na região extremo sul. Em outubro de 2007, quando o serviço foi inaugurado, ele foi trazido de volta à Bahia por uma equipe da Sesab, em avião cedido pelo Governo do Estado, ficando internado na UTI do Hospital Municipal de Teixeira de Freitas.
Desde o início de 2007, a direção do hospital onde ele estava internado pedia sua transferência para a Bahia, uma vez que ele era paciente crônico, necessitando de ventilação constante e sem previsão de alta. O pedido era impossível de ser atendido porque a região não contava com um único leito de UTI, “uma verdadeira vergonha”, na expressão do secretário Jorge Solla. “Quando assumi a Saúde e participei da primeira reunião de secretários estaduais, em Brasília, o secretário do Espírito Santo me pediu que fizesse alguma coisa, pois suas UTIs estavam lotadas de baianos. Agora, quem vem buscar tratamento na Bahia é o cidadão capixaba”.
Hoje, o índio Jackson já se encontra em sua casa, em Barra Velha, município de Prado, e sua recuperação se deveu, em parte, ao fato de ter sido internado em local próximo de seus familiares.


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